Lançado no final do ano passado, o Moto X de segunda geração (ou Moto X 2014) era talvez o aparelho com o melhor custo-benefício do mercado – concorrendo principalmente com o Moto G, seu “irmão menor”.
Quase um ano depois, a Motorola anunciou não apenas um, mas dois dispositivos para sucedê-lo: o Moto X Play, mais econômico, e o Moto X Style (com configurações mais avançadas, mas ainda sem preço por aqui).
Custando R$ 1500 (ou R$ 1400, com apenas 16GB de armazenamento), o Moto X Play será lançado com o mesmo preço com o qual o Moto X 2014 foi lançado. Por esse motivo, ele é o mais próximo de um “sucessor direto” que aquele aparelho terá.
Por esse motivo, usuários do dispositivo do ano passado podem estar pensando em atualizar seu aparelho, aproveitando os novos modelos. Assim, resolvemos fazer um comparativo entre o Moto X 2014 e o novo Moto X Play para responder à pergunta: vale a pena trocar o seu Moto X com um ano de idade pelo novo dispositivo da Motorola? Confira:
Design
O Moto X Play é um pouco maior que o modelo que ele sucede em todas as dimensões. Que a altura e largura fossem maiores, já era de se esperar, já que a tela é maior. No entanto, ele é também consideravelmente mais grosso, e notavelmente mais pesado (provavelmente por causa da bateria maior). Peso e e espessura maior, porém, não chegam a incomodar durante o uso.
A mudança mais imediatamente notável é que o Moto X Play possui capinhas coloridas para o seu painel traseiro, que podem ser trocadas. O Moto X 2014 tinha uma série de opções de traseira belas, mas elas eram fixas: a possibilidade de customizar a traseira do seu dispositivo provavelmente não será decisiva no momento da compra, mas com certeza é uma mudança positiva.
Menos positiva, porém, é a mudança que a Motorla fez na traseira do aparelho. O Moto X 2014 possuía uma pequena reentrância cerca de 1cm abaixo da lente da câmera, que oferecia um ótimo descanso para o dedo indicador na hora de segurar o aparelho em pé com uma mão só. O Moto X Play possui um “furinho” semelhante, mas ele é menor, mais raso, e posicionado mais abaixo, o que torna menos confortável segurá-lo com uma mão só.
Por ficar mais abaixo, ele não dá tanta impressão de firmeza, e o gesto de puxar o smartphone do bolso rapidamente, por exemplo, parece mais arriscado do que poderia ser. E como ele fica na mesma peça de metal da lente da câmera, em alguns momentos eu tive medo de estar com o dedo na lente. Não é um incômodo tão grande assim, mas dá uma impressão de retrocesso em relação ao modelo anterior em termos de conforto.
Funcionalidades
O Moto X Play não tem uma das funcionalidades mais legais do Moto X 2014: a Tela Alerta (ou attentive display). Ela permitia que você ativasse a tela do celular para ver notificações apenas passando a mão perto da tela, com o celular em uma superfície horizontal. Era uma funcionalidade ótima, por exemplo, para quando você estava comendo e deixava o smartphone sobre a mesa: se quisesse ver se havia recebido mensagens, era possível fazer isso sem precisar tocar no dispositivo com as mãos engorduradas. O Moto X Play, no entanto, não tem essa função.
Outra função perdida da geração passada para essa é a de ativar a lanterna por meio de gestos. É possível acender a lanterna do Moto X 2014 “sacudindo-o” duas vezes; o Moto X Play, no entanto, também não têm essa função, o que é difícil de entender, já que a função de ativar a câmera com uma torcida do punho foi mantida.
No mais, o novo dispositivo faz tudo que o antigo faz, incluindo os comandos de voz e o aplicativo de migração da Motorola (que funcionou muito bem). Ele não traz, no entanto, nada de novo e interessante, o que faz com que a remoção de dois recursos bastante positivos da geração passada seja ainda mais sentida.
Bateria
O Moto X Play tem uma bateria de 3630 mAh, contra 2300 mAh da bateria do dispositivo que ele sucede. Como o novo aparelho também possui um processador menos potente e uma tela maior, eu não sabia o que esperar com relação ao desempenho da bateria. No entanto, ela se saiu notavelmente bem.
Usando o dispositivo normalmente (tirando fotos, usando redes sociais, assistindo vídeos no Youtube), o Moto X Play chegou ao fim dos dias de teste com quase metade da carga. É verdade que o dispositivo tinha uma bateria novinha em folha, enquanto que a do Moto X 2014 já tinha quase um ano de uso (e chegava com cerca de 25% ao final do dia). Mesmo assim, o novo aparelho da Motorola parece de fato estar um passo à frente da geração anterior nesse quesito, o que faz com que a espessura e peso extras do Moto X Play sejam plenamente justificáveis.
Desempenho
Em termos de desempenho, é difícil não pensar no Moto X Play como um retrocesso em relação ao Moto X 2014. O processador do novo aparelho (um Snapdragon 615 octa-core, com 4 núcleos a 1GHz e 4 a 1,7GHz) é mais lento que o do antigo (um Snapdragon 801 quad-core de 2,5GHz), e a memória RAM é a mesma para os dois (2GB).
Em uso normal, é possível perceber que o novo dispositivo demora mais que o antigo para abrir jogos e aplicativos mais pesados – nada de muito incômodo, mas bastante decepcionante ao comparar um dispositivo novo com um de um ano atrás. Nos benchmarks, no entanto, a situação fica sériamente feia para o Moto X Play:
Antutu:
Moto X 2014:
Moto X Play:
3D Mark:
Moto X 2014:
Moto X Play:
GeekBench:
Moto X 2014:
Moto X Play:
Como é possível ver pelas imagens, o Moto X Play fica atrás do seu antecessor de 1 ano de idade em todos os testes. No caso do teste Sling Shot, do 3DMark, ele toma uma verdadeira surra do Moto X 2014. A única exceção é o teste multi-núcleos do do Geekbench, mas considerando-se que o novo aparelho tem oito núcleos, contra quatro do Moto X 2014, a margem pela qual ele supera o aparelho anterior é tão pequena que o resultado, no final, tem mais cara de derrota mesmo.
Por outro lado, o Moto X Play traz uma novidade importante: slot para cartão microSD. Enquanto o Moto X 2014 tinha apenas 32GB de memória, o novo aparelho da Motorola oferece, além desses 32GB, um slot para cartão de até 128GB. E o aparelho também é dual-SIM, o que também representa um avanço importante com relação à geração anterior.
Câmera
A câmera do Moto X 2014 tinha 13MP de resolução; a do Moto X Play tem 21MP, e a grande diferença não fica apenas nos números. A câmera do novo dispositivo da Motorola captura imagens com uma resolução impressionante, com uma riqueza de cores que a tela do aparelho consegue honrar. Mesmo com o zoom no máximo, as imagens mantém boa definição. A lente também consegue focalizar objetos bastante próximos com melhor qualidade.
A nova câmera também possui uma abertura um pouco maior: f/2.0 (contra f/2.25 do Moto X 2014). Graças a isso, ela se sai melhor também em situações de baixa luminosidade. O ajuste automático da câmera ainda é um pouco lerdo em algumas situações, e às vezes utiliza tempos de exposição longos demais, o que inevitavelmente faz a imagem ficar borrada. Com o controle manual que o aplicativo de câmera da Motorola permite, no entanto, é fácil resolver esse problema.
Em condições muito ruins de luz, a câmera ainda não se sai muito bem: Em situações muito escuras ou de contraluz, as imagens acabam ficando borradas e com bastante granulação devido ao aumento do ISO. Mas talvez fosse injusto esperar de uma câmera de smartphone um desempenho ótimo em situações tão adversas. As fotos que você não conseguia tirar com o Moto X 2014 por problemas de iluminação, você provavelmente também não conseguirá tirar com o Moto X Play. Mas todas as fotos que você conseguir tirar ficarão muito melhores com o dispositivo novo.
A câmera frontal do dispositivo também se saiu bem: ela possui 5MP, contra apenas 2MP do modelo anterior. A melhoria na resolução, no entanto, não foi a única que a câmera frontal do aparelho recebeu: ela consegue captar detalhes e nuances em imagens mesmo em situações de luminosidade relativamente baixas, mesmo sem usar flash.
Display
Enquanto o Moto X 2014 tinha uma tela AMOLED, o Moto X Play possui uma tela LCD. Isso, a princípio, pode parecer um downgrade, já que a tela AMOLED permite à tela mostrar pretos mais profundos. De fato, observando os dois aparelhos em ambientes completamente escuros, é possível perceber que os pretos da tela do Moto X Play não são “realmente” pretos, como os do Moto X 2014.
No entanto, em uso normal, essa diferença é pouco perceptível. Em alguns momentos, com os dois dispositivos lado-a-lado, a tela do novo dispositivo dá a impressão de ser até mais escura que a do antigo – possivelmente porque a nova tela reflete menos luz.
A resolução de ambas é a mesma: Full HD, 1080p. A impressão que tive, porém, era que a tela do Moto X Play tinha contraste melhor. Nas mesmas configurações de iluminação, a tela do Moto X Play mostrava imagens mais “vivas” e belas que a do dispositivo antigo. O fato de ela ser sutilmente maior (5,5 polegadas, contra 5,2 polegadas do Moto X 2014) também ajuda, e não me pareceu prejudicar a resolução. Mesmo olhando de perto, não consegui visualizar a estrutura de píxels dos vídeos que assisti.
Conclusão
Em seus próprios termos, o Moto X Play é um ótimo aparelho. Sua bateria dura o suficiente mesmo para os dias de uso mais intenso, sua tela é muito bonita e sua câmera permite fotos com alta qualidade. Ainda que um ou outro aplicativo demore um pouquinho para carregar, ele se sai bastante bem em situações cotidianas de uso.
O principal problema do Moto X Play, porém, é o aparelho que ele sucede. O Moto X 2014 custava os mesmos R$ 1500 que o Moto X Play custa agora quando foi lançado no ano passado, e, ainda hoje, ele oferece um desempenho melhor – sem falar em diversas funcionalidades, como a Tela Alerta e o acendimento da lanterna.
Assim, é difícil pensar no Moto X Play como um sucessor do Moto X 2014. Ele avança em alguns pontos: a câmera, a bateria e o slot para cartão microSD, principalemente. Em outros, porém – especialmente em questão de performance – ele mostra um retrocesso inegável.
Considerando-se o que o Moto X 2014 entregava no ano passado e o que o Moto X Play entrega hoje em dia, não há como negar que a situação piorou. se o seu Moto X 2014 ainda funciona bem, pensar no Moto X Play como um upgrade para ele simplesmente não faz sentido.
Ainda assim, o dispositivo é bastante robusto. Trata-se de um aparelho intermediário que oferece boa performance para uso cotidiano e até se aproxima dos tops de linha em alguns quesitos. Tanto para sua faixa de performance quanto sua faixa de preço, no entanto, ele enfrenta séria concorrência.