Apesar de os smartphones não serem o carro-chefe financeiro da Sony, a empresa japonesa continua a investir nos dispositivos – inclusive tendo anunciado recentemente o primeiro smartphone com tela 4K do mundo. E esse investimento tem valido a pena para o consumidor, pois a linha Xperia traz alguns modelos interessantes.
Mais recente, o C5 Ultra Dual se destaca principalmente pela sua configuração de câmeras: o aparelho tem uma câmera traseira de 13MP (até aí tudo normal) e uma câmera frontal de 13MP também. A decisão, embora incomum, faz sentido num mundo onde as selfies são cada vez mais valorizadas, e a empresa ainda capitaliza nela equipando o smartphone com algumas funcionalidades específicas para ela.
Essas câmeras têm um conjunto de hardware bastante robusto para lhes acompanhar. Ele possui um processador octa-core da MediaTek e 2GB de RAM, além de 16GB de armazenamento expansíveis via cartão microSD de até 200GB. Sua tela de 6 polegadas com resolução Full HD também não faz feio, embora em alguns momentos esses recursos todos dêem a impressão de que poderiam ser melhor aproveitados pelo hardware.
Leia a seguir nossa resenha completa:
Configuração e software
Os aparelhos da Sony rodam uma versão do Android modificada pela empresa, o que pode causar certo estranhamento a usuários que venham de sistemas com Android “puro” ou outras modificações do sistema do Google. De qualquer maneira, a interface do C5 Ultra é bastante semelhante à dos outros Androids. Ele vem com alguns aplicativos pré-instalados, mas foi consideravelmente fácil removê-los.
A configuração inicial do dispositivo, no entanto, foi um pouco mais travada do que precisaria. Ele possui um recurso que permite transferir sua conta do Google de outro aparelho via NFC, mas por mais que eu tentasse, não consegui passar meus dados do meu Moto X 2014 para ele. No final, consegui me logar na minha conta do Google e baixar com alguma facilidade meus aplicativos, mas o processo bem que poderia ter sido mais fácil.
O processo também sugere que você se cadastre na sua conta da Sony – se você tem uma conta na PSN, pode usar essa também – e talvez o fato de ter duas contas conectadas ao aparelho tenha deixado-o levemente confuso. Aplicativos que funcionavam com a minha conta do Google, como o Youtube e o Gmai, simplesmente não funcionavam muito bem. Não chega a ser uma falha grave, mas é um empecilho para alguém que dependa muito deles – como muitos usuários atuais.
Design
O Xperia C5 Ultra Dual é um aparelho gigante. Sua tela tem 6 polegadas, o que é enorme: mesmo tops de linha como o iPhone 6S Plus e o Galaxy S6 Edge+ optam por telas mais modestas de 5,7 polegadas. Mas além da tela, o dispositivo ainda tem mais cerca de 1cm de moldura abaixo da tela e 1,5cm acima dela, que garantem que ele ficará com uma pontinha para fora de praticamente todos os bolsos. o “celularzinho” que aparece ao lado dele na foto acima é o Samsung Galaxy Note 5 – sim, ele fica pequeno do lado do C5 Ultra.
As seis polegadas da tela também tornam relativamente difícil utilizá-lo com uma mão só, mesmo para pessoas com mãos grandes. Ele possui, no entanto, uma funcionalidade que “encolhe” a tela para o canto esquerdo ou direito, facilitando o uso com uma mão quando ele for necessário, o que ajuda um pouco.
Em termos puramente visuais, o aparelho tem o design característico da Sony, com o botão liga/desliga redondo no meio do lado direito, e ele é bem bonito de se ver. Os botões laterais são bem colocados e facilmente alcançáveis com o dedão da mão direita ou o dedo médio da esquerda. A traseira dele, no entanto, é recoberta por um plástico de aparência e aspecto não muito glamuroso, o que, é claro, não é problema nenhum. Mas, tratando-se de um aparelho de mais de 2 mil reais, é um pouquinho decepcionante.
Tela
A tela Full HD de 6 polegadas do C5 Ultra reproduz muito bem imagens e vídeos, com cores bem vibrantes. Apesar do tamanho da tela, a resolução de 1920 por 1080 píxels me pareceu bastante satisfatória: em nenhum momento eu senti que os vídeos do Youtube ou Netflix que assisti estavam “esticados” ou “estourados” na tela. Ela também foi plenamente satisfatória com relação a ângulos de visualização: você pode enxergar bem a tela do C5 Ultra de praticamente qualquer lugar.
Embora satisfatória, no entanto, a tela também não foi surpreendente: comparado, por exemplo, ao Samsung Galaxy Note 5, ela tinha cores mais apagadas e menos definidas, mesmo em vídeos vistos na mesma resolução 1080p nos dois aparelhos. A comparação talvez seja injusta, mas serve para ilustrar que falta um pouco do fator “uau!” que poderia se esperar de um aparelho de mais de R$ 2 mil.
Câmeras
A configuração de “duas câmeras principais” do Xperia C5 Ultra dá a ele uma câmera de 13MP atrás e outra, com angulação um pouco maior, na frente. Em outras palavras, é como ter um telefone com duas câmeras traseiras, mas uma delas na frente (se é que isso faz sentido).
Isso não adiantaria nada se as câmeras não fossem boas, e felizmente, no caso do C5 Ultra, elas são bem competentes. Em situações normais de luz, a câmera traseira do aparelho produz fotografias muito bonitas e com cores bem definidas, ainda que um pouco saturadas (algo que, para mim, não é nem um pouco incômodo, embora seja questão de gosto).
Mesmo em situações de pouca luminosodade- a “prova de fogo” das câmeras de smartphones – o C5 Ultra se saiu bastante bem. Os objetos no centro da imagem aparecem bem, embora as bordas sofram bastante com distorções e artefatos.
A lente da câmera traseira também consegue focalizar objetos bem próximos, permitindo fotos “macro” bem legais, e permite até que você brique com a distância focal entre objetos próximos e distantes:
A câmera frontal, por sua vez, tem um desempenho igualmente bom, mas com uma angulação um pouco maior, o que faz com que mais coisas “caibam” na foto. Com 13MP, ela basicamente garante que você terá as selfies mais bem-definidas de todos os seus amigos. O aplicativo de câmera da Sony vem com uma série de opções que aproveitam essa configuração, incluindo um muito legal que permite que você tire foto com as duas câmeras ao mesmo tempo, efetivamente inserindo seu rosto na cena. Ao abrir o recurso, contudo, o aplicativo avisa que o aparelho pode esquentar e que, no caso de um eventual travamento, as imagens ficam gravadas.
Esse travamento, em específico, não aconteceu comigo. Mas eu encontrei outros problemas técnicos com a câmera, um dos quais fazia com que ela não abrisse de jeito nenhum, fosse no aplicativo principal, fosse em outros aplicativos como o Snapchat, e só uma reinicialização do aparelho resolveu.
O principal problema da câmera, porém, é que ela demora bastante para abrir. Do momento em que você clica no ícone até o momento em que ela está pronta para fotografar, passam-se alguns segundos que são o suficiente para que você perca um bom momento fotográfico. É verdade que as selfies não dependem muito de um momento específico – em geral elas demoram bastante para serem “montadas” – mas a demora não passa em branco em um dispositivo tão focado em câmeras.
Performance
Com um processador octa-core de 1,7GHz e 2GB de RAM, o C5 Ultra funciona bastante bem na maioria das atividades cotidianas. Jogos se inicializam rapidamente, rodam sem grandes problemas e, como os benchmarks atestam, o hardware do dispositivo não deixa muito a desejar. Sua pontuação no AnTuTu Benchmark ficou à frente da do Galaxy S5 e próxima da do Galaxy Note 4, e no Geekbench ele também teve uma performance respeitável. O 3DMark foi o desafio no qual o C5 Ultra mais penou, mas ainda assim ele não se saiu tão mal quanto o Moto X Play, por exemplo:
Em algumas situações, no entanto, o aparelho apresenta uma lentidão súbita. A câmera, por exemplo, é uma delas: não faz muito sentido que ela demore tanto para abrir em um dispositivo com essas configurações. Em outros casos, também, o processo de alternar entre aplicativos é um pouquinho mais lento do que deveria, e a interface Android passa por alguns “soluços” quando você tem diversos aplicativos abertos. Isso não parece se dever a insuficiências do processador ou da RAM, então talvez seja simplesmente um problema com o software da Sony, que acaba não aproveitando ao máximo os recursos que tem.
Bateria
A caixa do Xperia C5 Ultra Dual informa ao usuário que a bateria de 2930 mAh dele oferece até 2 dias de uso. É uma afirmação bastante ousada e, no final das contas, não me parece muito verdadeira. Ao longo dos meus dias com o C5 Ultra, a bateria dele aguentou bem um dia de uso intensivo, chegando em casa de noite com ainda uns 25% para gastar. Um desempenho bastante aceitável, ainda mais considerando que o aparelho tem uma tela de 6 polegadas para manter acesa, mas ainda longe do que a caixa promete.
O aparelho, no entanto, parece ser bastante eficiente em economizar energia enquanto está no modo espera. Com a tela apagada, a bateria quase nunca se descarregava. Ele também não demora muito para se recarregar, embora, por outro lado, o tempo de recarga não seja particularmente impressionante. O tempo que passei com ele não foi suficiente para perceber qualquer perda de capacidade permanente na bateria, mas vale dizer que, pelo menos para as primeiras semanas de uso, a bateria não deixa o usuário na mão.
Conclusão
O Sony Xperia C5 Ultra Dual é um aparelho bastante capaz, que chama a atenção principalmente por dois quesitos: a sua configuração de câmeras, que ele consegue explorar bem, e o seu tamanho – quem gosta de aparelhos grandes tem nele uma ótima opção.
Nos demais aspectos, ele oferece uma performance bastante satisfatória: sua bateria dura tranquilamente um dia, sua tela mostra imagens e vídeos com boa qualidade, seu hardware roda bem na grande maioria das situações.
Se há uma questão que coloca o celular em xeque, no entanto, é o preço: ele chega ao Brasil com um preço sugerido de R$ 2200, o que representa um investimento bastante elevado. Ele justifica esse valor com a sua configuração de câmeras e uma performance que está mais próxima da de tops de linha do que, por exemplo, o Moto X Play.
A questão, portanto, é se essa configuração de câmeras – e esse tamanho – valem a diferença em dinheiro que separa o C5 Ultra de outros dispositivos semelhantes. E é uma questão que depende muito de gosto pessoal. O C5 Ultra oferece recursos bem interessantes, a um preço não tão interessante assim, mas ele vale uma olhada, especialmente se você curte fotos e selfies.
Fonte: Olhar Digital